quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sem título

Bem me lembro. Foi em 1996. Estava eu na sexta série e uma professora de português – a Prof.ª Aparecida Fulanete – apresentou-nos uma proposta de atividade: a criação de um poema. Não recordo os detalhes, mas me lembro bem da minha inaptidão para esse tipo de coisa. Arriscava contos, mas não arriscava versos como hoje arrisco. Deu-se que minha irmã socorreu-me ditando-me este belo e singelo poema, criado por ela assim, de supetão, enquanto estávamos nós à mesa da copa fazendo nossas atividades escolares. E dá-lhe a inspiração dos amores adolescentes, lembrados por toda a vida...



[Sem título]
Patrícia Silva

Quantas vezes me vi amando
e acordado me vejo sonhando.
Sonhando com um verdadeiro amor...
E, cruelmente, sou despertado de dor.
Dor, ao perceber que me engano,
pois, quando me vejo amando,
descubro a ilusão.
Pobre deste coração,
que, ao pensar que ama,
é consumido nas chamas
e padece.
Às vezes, pobre de mim,
que, por um amor sem fim,
vivo à procura constante.
Um dia, de tão distante,
com certeza cansarei.
Quem sabe então esquecido
ele se torne vivo.
Quem sabe não seja engano
e este desejo insano
de amar se torne real.