Eu estava com os olhos vidrados no telão. O
cinema estava lotado, e não era por menos, visto se tratar da quinta-feira
seguinte à tão esperada pré-estreia. A minha volta, amigos desapontados como
resultado da comparação entre o filme e o livro que havia lido com voraz
dedicação. Na trama, é chegado um momento de clímax intenso, quando, de
repente... as letras do cast surgem,
Beyonce começa a cantar e as luzes do cinema são acesas. O filme havia acabado.
E foi assim a minha primeira experiência com o longa Cinquenta tons de cinza no último dia 12: frustrante. Não obstante,
eu sentia faltar alguma coisa. Eu sentia ser precipitado avaliá-lo naquele
momento, quando a influência dos meus amigos, ávidos leitores da trilogia,
tendia a ser determinante. Ademais, eu não havia concluído a leitura da obra, a
qual dera início há poucos dias antes da sessão de cinema com a intenção
primeira de redigir o presente. Assim, nada de comentários depreciativos sobre
o filme nas redes sociais. Não ao menos até que eu concluísse a leitura da
obra, o que consegui nos primeiros minutos de uma Quarta-feira de Cinzas
(qualquer semelhança é mera coincidência). E o inesperado aconteceu: a minha
intenção primeira de redigir uma crítica comparativa sobre livro e filme se
converteu em uma necessidade de focar o livro, considerando a “importância”
inferior do filme apesar do estardalhaço que o mesmo vem causando.