Já dizia o pai da psicanálise: “Antes de diagnosticar a si mesmo com depressão ou baixa autoestima, certifique-se primeiro de que você não está, de fato, cercado por idiotas”.
Você já se perguntou quantas das ações do seu dia a dia têm como base os seus anseios mais profundos e quantas delas estão alicerçadas em expectativas alheias? Pois eu gostaria de lhe propor esse breve exercício, ao qual eu mesmo me tenho dedicado com considerável empenho ultimamente. A escrita pode ser bastante útil aqui, elencando-se em duas colunas todas as ações, comportamentos e hábitos voltados ao atendimento das próprias necessidades e aqueles destinados a atender às expectativas alheias. Trata-se de um exercício que, comumente, rende bons resultados em sessões de terapia. Acredite em mim.
Você perceberá que a dor, na grande maioria das vezes, se dá pela nossa tola necessidade de ser aceito, de estar de acordo, de atender a expectativas criadas sobre nós, mas sobre as quais nunca tivemos responsabilidade alguma. E, assim, o humano converte-se em um autômato, sempre programado para atender às demandas de uma sociedade que nunca vai considera-lo bom o bastante. Pois, depois da graduação, é preciso fazer o mestrado, e depois o doutorado, e depois construir uma família, e depois ter filhos, e depois ter o emprego perfeito... Há sempre um depois que o mantêm na sensação de falta, de incompletude, consequência de uma sociedade que, em lugar de orientar o indivíduo a agir no mundo de acordo com a sua própria volição, prepara-o para acreditar-se livre em um regime escravagista. Um escravo conformado, um ser habituado às sombras na Caverna de Platão.
Você não precisa ir para a faculdade, que nada mais é que uma alternativa para a tão sonhada ascensão social. E mesmo isso não precisa ser um sonho seu. Você não precisa estar na moda se adora e se sente bem com os seus tênis surrados e aquele estilo tido como “démodé”. Você não precisa encher a cara ou fumar maconha por medo de ser isolado do grupo de amigos. Se o seu estilo é mais caseiro ou se curte um cinema em vez da balada, o ideal talvez seja trocar de amigos em vez de anular-se. Você não precisa fazer nada além de ser ético, justo e compassivo para com os outros. Trata-se, aqui, de ser um egoísta no bom sentido, cultivando aquele egoísmo que equivale não à arrogância e indiferença, mas, sim, a ser aquilo que você realmente é. Talvez um arrogante e indiferente... quem sabe? Para sabe-lo, basta investigar-se, basta finalmente comparecer ao encontro marcado consigo mesmo desde que estreou neste mundo.
Fazer parte de uma minoria não necessariamente equivale a ser o errado da história. Não conseguir se encaixar não raro é uma benção. Os grandes homens que a humanidade já viu – como Jesus, Giordano Bruno e Gandhi, só para citar alguns deles – fizeram história justamente por haverem se destacado pela diferença, por pensarem fora da caixinha, por saírem dos padrões estabelecidos e viverem a sua verdade. Paga-se um preço por isso, é claro. Alguns são crucificados, queimados ou baleados. E, neste ponto, talvez você me pergunte: “Mas, Alex, de que vale a pena viver a minha verdade se posso ter o isolamento, o preconceito ou até a morte como consequência?” Ora! É uma questão de escolha, valendo considerar que uma vida pautada pelas expectativas alheias já é a morte, um estado vegetativo, nem de longe uma vida de verdade. Portanto, vá fundo, olhe para você, investigue-se e seja aquilo que você realmente é. Há consequências, e elas podem sim ser fatais. Mas, ainda assim, eu prefiro uma consequência fatal a uma vida perpassada pela fatalidade.
Não desista de você!
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