Durante a Copa do Mundo de 2014, a
torcida japonesa teve uma atitude que impressionou (e envergonhou) os seus
anfitriões: ao final dos jogos, os japoneses catavam todo o lixo deixado nas
arquibancadas, e o faziam não por sentimento de obrigação ou coisa que o valha,
mas por hábito, por consciência e, sobretudo, por educação.
Não é por menos... No Japão, o serviço
docente é extremamente respeitado, tanto que o termo utilizado para designar o
professor é “sensei”, que se traduz literalmente como “mestre”. Diga-se de passagem,
os professores japoneses estão entre os servidores públicos mais bem remunerados,
e o valor que o país dá a esse trabalhador é tanto que até gerou o boato de que
ele é o único cidadão desobrigado a se curvar diante do imperador. Embora se
trate de uma inverdade, é fato que o imperador nutre um profundo respeito pelos
docentes, podendo, caso queira, até mesmo cumprimentá-los com uma discreta
reverência.
Não tenho dúvida de que o comportamento
exemplar dos japoneses está diretamente ligado à figura do professor. País que
valoriza a educação e o educador é país com cidadãos éticos e conscientemente
elevados.
Enquanto isso, no Brasil, os salários de
professores estão entre os mais baixos do mundo, ao lado de outros países como
Argentina, China, Índia e Federação Russa. Para ser mais exato, em termos de
remuneração do trabalho docente, nós perdemos apenas para o Peru e para a
Indonésia. Como se não bastasse, em terras tupiniquins as reformas na educação
são feitas a torto e a direito sem que em momento algum os professores sejam
consultados.
É claro que, de certa forma, o
comportamento do governo em muito reflete o comportamento da população em
relação ao professor. No Brasil, os cidadãos, de modo geral, não escutam o
professor, optando por escutar a emissora de tevê, o partido X, o padre, o
pastor, a revista semanal, o galã da novela das nove, mas nunca o professor.
Por quê? Bom, Darcy Ribeiro, talvez, haja respondido a esta pergunta ao afirmar
que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Enfim...
Quanto a mim, muito tardiamente me dei
conta da importância deste profissional, bem como da definitiva influência que
os meus professores, do jardim de infância à pós-graduação, exercem em minha
vida. Nada que aqui eu escreva será suficiente para expressar o quão grato eu
sou por existirem e por tanto haverem contribuído para que eu haja me tornado o
ser humano que sou. Fica aqui o meu agradecimento, o meu afeto e o meu profundo
desejo de que, em um futuro próximo, o mundo os trate como quem realmente são:
os profissionais que, “apesar de”, seguem com afinco em sua missão e que
persistem porque têm em vista um mundo melhor e para todos.
Obrigado, obrigado, obrigado!
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