Contar os dias para o feriado e, quando esse finalmente chega, não conseguir ficar em paz devido a renitente voz na sua mente.
Planejar todo um fim de semana e não conseguir cumprir nem mesmo 10% do planejado.
Ver imensa complexidade em tarefas simples, como abrir a correspondência, tomar banho ou lavar um copo.
Dormir em excesso como forma de fugir da realidade e do burburinho dentro da própria cabeça.
Julgar-se indigno.
Ver a casa imunda e as roupas pra passar e sentir que não dispõe das forças necessárias para fazer algo a respeito.
Ter um humor que oscila em questão de horas, por várias vezes ao dia.
Sentir-se forte e entusiasmado, mas com a certeza (ou medo) de que todo esse vigor se esvaia em pouco tempo.
Não ter perspectivas para o futuro.
Fazer bobagens na tentativa de se sentir melhor e conseguir apenas agravar ainda mais o próprio estado com a bobagem feita.
Tudo isso é a depressão.
Ou ao menos como ela se manifesta na minha experiência.
Diante dessas palavras, alguém poderia se perguntar: “Já há tantos anos passando por esses altos e baixos, o que mais esse estúpido acha que pode dizer sobre depressão que nos traga algum tipo de contribuição?” E eu responderia que a minha maior contribuição está não no que eu possa dizer, mas, sim, no fato de – apesar de uma depressão que já data de anos e parece me consumir a cada dia – eu permanecer vivo.
Sim. É difícil, doloroso, desafiador... Mas, a despeito da dor de agora, eu ainda tenho fé e esperança de que chegará o dia em que terei conseguido atravessar isso.
E você também vai.
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