segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Paradoxo de amor


O amor que me fez ir é o mesmo que me faz voltar.
Me toma pela mão e com os mesmos dedos
com os quais fez som em sua guitarra
me mostra a direção a seguir.
Encantado,
me guio pelo som de uma seresta.
Não há lágrimas,
mas sei que alguém está morrendo
para que eu me possa parir.
Perdido em meio ao caos
busco guarida em corpos estranhos,
chupo paus de desconhecidos,
bebo de copos largados ao acaso
como que desejoso de um boa-noite-cinderela.
Não quero nada
e quero tudo.
Quero retornar ao meu amor
que ficou me acenando do farol.
Quero retornar ã segurança da ilusão
que vivi em seus braços sem que ele nunca soubesse.
Quero a vida inventada e tão conhecida
de tão imaginada em meus gemidos mudos.
Só ele me pode curar os calos dos pés e das mãos.
Só ele sabe sarar as dores com o
poder curativo do seu toque.
Retrocedo, mas sei que não posso.
É esse o caminho para, de mendigo,
eu me tornar um rei.
O meu amor me ensina,
– sem nunca pretender-se professor –,
que, para encontrar saída,
eu preciso abrir mão do meu amor.

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