quarta-feira, 1 de maio de 2019

A pedra drummondiana

A busca pela Verdade, pela felicidade, pela paz ou seja lá como se chame implica a disposição para desafiar as próprias crenças. Crenças essas que não raro se configuram como o obstáculo maior à nossa autorrealização, a maldita pedra eternizada por Drummond em sua singela poesia. Se me assumo como um buscador sincero, preciso estar disposto a colocar as minhas verdades em xeque, tendo por mim sempre o devido respeito para não ir além dos meus limites. Pois essa busca envolve honestidade, mas, definitivamente, não envolve violência contra mim mesmo.

Contudo, vale ter sempre em mente que – da mesma forma que não esperar nada de ninguém é mais saudável do que criar expectativas, vez que, assim, nos prevenimos de grandes frustrações e nos mantemos abertos a gratas surpresas – viver de acordo com nossas crenças sem, no entanto, tornarmo-nos obcecados por elas nos previne da estagnação e nos mantém abertos a novas possibilidades.

Eu acho lindo quando o Pe. Fábio de Melo trata a dúvida como elemento confirmador da fé. Todavia, objetivando evitar o previsível uso de uma personalidade pop como exemplo, retomarei as palavras de um ex-professor em um tempo muito remoto, durante a aula de Cultura Religiosa lá na minha amada PUC: “Gente, eu acredito em Deus, mas eu não tenho certeza de que existe não, tá?”

Muitos dos meus colegas não entenderam, mas eu, particularmente, vislumbrei naquele professor uma fé e uma abertura para a vida que eu jamais lograra alcançar! O tipo de sujeito que, decerto, chegaria facilmente a Deus...

Talvez seja por demais filosófico tudo isso. Basta, porém, que reflitamos nisto: os nossos apegos, as nossas crenças de estimação, as nossas verdades absolutas podem, não raro, ser a única pedra em nosso caminho. O único obstáculo entre nós e uma vida de suprema fe-li-ci-da-de...

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