quarta-feira, 24 de junho de 2020

Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal - Andrei Moreira



Foi por acaso que ele se revelou para mim. Eu estava na Livraria Leitura do Boulevard Shopping quando o vi e, surpreendido pela temática e pela belíssima capa, na qual dois cravos ilustram poeticamente a homoafetividade, levei-o para casa.

Como de hábito, não o li de imediato, deixando para fazê-lo no momento certo, que, certamente, me seria comunicado. E quando o li em 2018, nova surpresa eu tive ao perceber o quanto ele dialogava com questões minhas.

“Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal”, de Andrei Moreira – médico homeopata, constelador familiar, expositor e figura proeminente no meio espírita – é um dos livros que me veio como resposta de Deus aos conflitos que, em algum momento, enfrentei em relação a minha sexualidade.

Em um contexto em que mesmo os movimentos ditos defensores da liberdade se mostram intolerantes quando você não lhes segue a cartilha, a obra de Andrei Moreira me veio como um convite a encontrar o meu jeito de me colocar como homossexual no mundo. Ou, para mais além disso, um convite a me elevar acima dos rótulos, identificando-me sobretudo como ser humano e contribuindo, assim, para a harmonia tão prejudicada pelo excessivo foco nas naturais diferenças da nossa personalidade, que só faz criar conflitos e atritos de toda ordem.

Aí você me dirá algo como: “Ah!, mas se trata de um livro espírita etc. e tal”. Olha, o maior erro que pode cometer alguém que segue em busca da sabedoria é descartar por inteiro esta ou aquela filosofia por não lhe ser adepto. Embora simpatizante da doutrina, eu tampouco sou espírita, mas seria sinal de tremenda mediocridade desprezar, por isso, todo o valioso ensinamento contido nas obras de Kardec, Chico Xavier e afins. O verdadeiro buscador não permite que preconceitos de qualquer ordem obstruam o seu caminho.

É certo que existe muita coisa ruim produzida por aí, mas mesmo tal conclusão deve ser ulterior à sua disposição para conhecer...

Em um momento em que o isolamento social inviabiliza a Parada do Orgulho LGBT pelo mundo afora, parece-me válido tomar a pandemia como um convite a repensarmos a condição com a qual a vida nos presenteou para a execução de alguma tarefa neste mundo, sem, no entanto, fazer dela uma bandeira que não raro desvirtua as verdadeiras causas.

Nesse sentido, ““Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal” foi, para mim, um resgate; um sol iluminando os meus cômodos obscurecidos como forma de me dizer que, a despeito do preconceito com o qual sou, sutil ou expressamente, metralhado todos os dias, ainda sou aceito e digno da felicidade.

Uma leitura que me veio comunicar, sobretudo, que o pior dos preconceitos é, sobretudo, aquele que temos contra nós mesmos, não raro nos levando a uma excessiva militância que nos distraia da difícil tarefa de enxergar os nossos conteúdos sombrios.

Como eu tive a oportunidade de dizer ao autor durante um evento em julho do ano passado, é fato que nenhuma leitura transforma uma vida por si só. Ela tem em si, no entanto, o potencial de gerar uma ação ao iluminar possibilidades, oferecendo-nos as bases para a transformação pela a qual o nosso coração anseia e que é toda a nossa razão de ser neste mundo.

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MOREIRA, Andrei. Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal. Belo Horizonte: AME Editora, 2016.

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